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Governo |
14-11-2025 11:42:36
| Fonte: CIPRA
DIA DO DIPLOMATA ANGOLANO
Exposição celebra legado do primeiro embaixador africano no Vaticano
<p>Luanda acolhe desde quarta-feira, 12 de Novembro, a exposição “O Negrita, Pioneiro da Diplomacia Africana”, em homenagem a Dom António Manuel Nsaku Ne Vunda - Marquês de Nfunta, primeiro embaixador angolano e africano a sul do Sahara acreditado junto do Vaticano, de 1604 a 1608.</p><p>A cerimónia de abertura da exposição, alusiva ao Dia do Diplomata Angolano, assinalado esta quarta-feira, 12 de Novembro, ocorreu no Clube dos Oficiais do Miramar, uma iniciativa, promovida pelo Ministério das Relações Exteriores.</p><p>A actividade enquadra-se nas comemorações dos 50 anos da Independência Nacional e apresenta ao público cerca de 40 obras raras, mapas, documentos históricos e representações artísticas que retratam diferentes fases da diplomacia e o legado do Reino do Congo.</p><p>A cerimónia, marcada por forte simbolismo histórico e institucional, juntou o ministro das Relações Exteriores, Téte António, o arcebispo de Luanda, Dom Filomeno Vieira Dias, o governador do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, embaixadores acreditados em Angola, outros membros do Governos e representantes da Igreja Católica, académicos e estudantes interessados em revisitar a epopeia do enviado do Reino do Congo à Santa Sé.</p><p>Dom António Manuel Nsaku Ne Vunda nasceu em Mbanza Congo, no antigo Reino do Congo, e foi o segundo não europeu a apresentar cartas credenciais ao Papado, depois dos japoneses, constituindo a sua missão um marco da afirmação soberana do povo congolês e das relações diplomáticas entre África e a Europa no início do século XVII.</p><p>A apresentação histórica esteve a cargo da professora Constança Ceita, que conduziu os presentes aos momentos marcantes da vida do diplomata angolano, narrando o percurso desde a sua partida de Mbanza Congo, peripécias, incluindo um ataque de corsários holandeses, que destruiu parte da embarcação na costa brasileira, o reconhecimento na Basílica de Santa Maria, em Roma, até à sua morte.</p><p>O ministro das Relações Exteriores destacou a importância de contar as próprias histórias de Angola, citando um provérbio africano segundo o qual “enquanto os leões não tiverem os seus próprios historiadores, as histórias de caça serão sempre contadas pelos caçadores”.</p><p>Téte António explicou que a exposição reflecte o esforço do Executivo, liderado pelo Presidente João Lourenço, no âmbito do Programa Angola Unida, para valorizar a história nacional e reafirmar a identidade angolana no contexto internacional.</p><p>De acordo com Téte António, Dom António Manuel Nsaku Ne Vunda foi o precursor da diplomacia angolana, que entendeu que na adversidade é possível defender as causas mais difíceis com coragem e, sobretudo, com resiliência, demonstrando que nenhum povo pode viver isolado e que o contacto com o exterior, o diálogo e a cooperação internacional são valores fundamentais para o desenvolvimento das nações.</p><p>O arcebispo de Luanda, Dom Filomeno Vieira Dias, enalteceu a persistência e a crença dos responsáveis pela concretização da exposição, que permite trazer à memória colectiva um período inspirador da história angolana, e sublinhou que os soberanos do Reino do Congo eram pessoas com plena consciência da sua dignidade e responsabilidade. Também estavam empenhadas em colocar os seus povos em comunicação e diálogo com outras nações.</p><p>Um dos principais atractivos da exposição é o busto do embaixador Dom António Manuel Nsaku Ne Vunda, colocada no centro da amostra, que procura de forma fiel retratar em imagem os seus traços físicos e até psicológicos.</p><p>Na exposição vê-se também imagens da entrega das cartas credenciais, da recepção na Basílica de Santa Maria e uma cartografia detalhada do percurso que passou por Santa Helena, Recife, Funchal, Casablanca e diversas cidades europeias até chegar a Roma.</p><p>A curadoria da exposição ficou a cargo do historiador Patrício Batsikama, que coordenou o trabalho de investigação em diversas bibliotecas e arquivos internacionais. Após o encerramento em Luanda, previsto para 19 de Novembro, a amostra seguirá para a província do Zaire, onde permanecerá aberta ao público.</p>