PORTAL CIPRA
Menu mobile
Início
Notícias
Discursos
Galeria
Imagens
Vídeos
PT
EN
FR
ES
Notícia
Política |
15-09-2023 18:33:24
| Fonte: CIPRA
GRUPO DOS 77+CHINA EM CIMEIRA
Íntegra do discurso do Presidente da República
<p>Íntegra do discurso proferido pelo Presidente da República, João Lourenço, na Cimeira do G77+China, esta sexta-feira, 15 de Setembro, em Havana, capital cubana.<br> </p><p>Sua Excelência Miguel Díaz-Canel, Presidente da República de Cuba e Presidente do Grupo dos 77+China;</p><p>Excelências Chefes de Estado e de Governo;</p><p>Distintos Convidados;</p><p>Minhas Senhoras, Meus Senhores,</p><p>Permitam-me, em nome da delegação que me acompanha e em meu nome, saudar e agradecer o povo e o Governo cubano, a hospitalidade e a forma acolhedora com que fomos recebidos desde a nossa chegada à histórica cidade de Havana.</p><p>Aproveito esta ocasião para felicitar o Governo de Cuba pelo facto de o vosso país ter sido escolhido para presidir ao Grupo dos 77+China, facto que me impele a expressar-vos o nosso apoio, com a convicção de que todos juntos prestaremos um contributo significativo ao fortalecimento da organização.</p><p>Gostaria de reiterar, desde já, o nosso firme compromisso de trabalhar com Cuba e com os outros Estados Membros para reforcar a unidade e a solidariedade do Grupo, com a finalidade de alcançarmos os objectivos de defesa colectiva dos nossos interesses e os de promovermos uma agenda de desenvolvimento comum na arena internacional.</p><p>Senhor Presidente, <br>Excelências,</p><p>Esta Cimeira decorre num contexto internacional de elevada complexidade política, económica e social e de desigualdades entre as nações, em que os países em vias de desenvolvimento acabam por ser os que mais sofrem o impacto sem precedentes dos múltiplos desafios globais, o que condiciona, em larga escala, a sua acção e as perspectivas de resolução dos problemas que lhes permita sair do estágio actual em que se encontram e alcançar, deste modo, a plena implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.</p><p>O agravamento das tensões e conflitos geopolíticos, a aplicação de medidas e iniciativas unilaterais de coerção e proteccionismo, o aumento exponencial da pobreza extrema, o peso crescente da dívida extrema, o peso crescente da dívida externa, a fragilidade dos sistemas de saúde e de educação, a insegurança alimentar e energética, a volatilidade dos mercados, o fosso digital que se expressa pela grave dificuldade de acesso à Internet, bem como os efeitos adversos das alterações climáticas e da degradação ambiental, entre outros, constituem sérios obstáculos ao progresso das nossos populações e representam uma ameaça crescente à estabilidade dos nossos Estados.</p><p>Perante inúmeros desafios, os países em desenvolvimento não ficaram de braços cruzados à espera de soluções milagrosas para os problemas que enfrentam, apesar de encontrarem limitações que decorrem de um contexto internacional com evidentes desequilíbrios que penalizam sobretudo os nossos países.</p><p>Este panorama já de si bastante difícil, complicou-se ainda mais com os fortes impactos negativos resultantes da pandemia da COVID-19, que praticamente imobilizou as economias dos países em vias dr desenvolvimento e agravou a situação social das suas populações.</p><p>Senhor Presidente, <br>Excelências</p><p>Saberemos encontrar as soluções e estratégias que nos levarão à concretização da nossa agenda de desenvolvimento.</p><p>Continuaremos a lutar por reformas profundas da arquitectura financeira internacional e da sua governação, através de uma representatividade justa nos principais organismos mundiais de tomada de decisão e elaboração de políticas.</p><p>Estas reformas podem contribuir significativamente para melhorar o acesso dos países em vias de desenvolvimento a fontes de financiamento seguro e previsível necessários ao inadiável investimento na Ciência, Tecnologia e Inovação, incluindo as tecnologias de comunicação e informação, que se afiguram como instrumentos fundamentais para enfrentarmos os desafios globais e para ajudar a impulsionar e acelerar o ritmo da diversificação e transformação económicas, aumentar a produtividade e a competitividade, a fim de realizarmos os objectivos traçados na agenda 2030.</p><p> Para se desenvolverem, nossos países previsam de ter acesso ao financiamento de longo prazo com condições favoráveis de reembolso, para que possamos investir nas principais infra-estruturas como redes rodoviárias e ferroviárias, na produção e distribuição de água e energia, no saneamento básico, nas redes de informação e comunicações, para realizarmos algum dia o sonho de nos tornarmos também países industrializados. </p><p>Senhor Presidente, <br>Excelências,</p><p>A unidade e a solidariedade do Grupo dos 77+China sobre questões de interesse comum nos debates e fóruns internacionais são essenciais para fazer avançar as legítimas aspirações de desenvolvimento dos nossos povos e países.</p><p>Por esta razão, o aprofundamento das discussões entre nós reveste-se de uma grande importância estratégica na identificação de pontos de interesse comum entre os países em vias de desenvolvimento.</p><p>A República de Angola estabeleceu como uma das prioridades nacionais, investir na ciência, tecnologia e inovação, como estratégia para enfrentar os desafios da diversificação e crescimento económicos, do aumento da produtividade, da competitividade global e das transições digital e energética, no âmbito de políticas e programas voltados para a melhoria da qualidade de vida dos angolanos.</p><p>O sector da ciência, tecnologias de informação e comunicação encontra-se num processo de crescimento e expansão, em cujo âmbito foi construído e colocado em órbita o satélite de comunicações Angosat-2.</p><p>Estamos a expandir a rede nacional de banda larga e de televisão digital terrestre e integramos o consórcio de cabo submarino de fibra óptica internacional 2-África.</p><p>Nestas iniciativas de grande alcance estratégico, promovemos o acesso e a participação de jovens e mulheres na educação, formação, ciência e tecnologia, não só pela relevância do seu contributo na comunidade científica nacional, mas também como expressão do nosso compromisso a favor da igualdade e do empoderamento do género.</p><p>É essencial que coloquemos ênfase no papel actuante e activo que o G-77 pode desempenhar na criação de uma visão equilibrada sobre os factos políticos contemporâneos que geram tensões que, muitas vezes, degeneram em conflitos de grande escala, como o que ocorre no leste da Europa e em relação ao qual não nos podemos mostrar indiferentes, por se tornar imperativa a necessidade do respeito da Carta das Nações Unidas e das normas do Direito Internacional e criar-se o ambiente propício a negociações que levem ao fim definitivo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.</p><p>No nosso continente assistimos com bastante preocupação ao alastrar do terrorismo e ao surgimento de golpes de Estado perpetrados por militares e que mereceram a condenação da União Africana e da comunidade internacional no geral.</p><p>É importante que essa mesma comunidade internacional não dê sinais ambíguos face à tomada do poder por meios inconstitucionais, devendo abster-se de atitudes e comportamentos que desautorizem as organizações regionais e continentais e que possam ser interpretadas como de encorajamento aos golpistas.</p><p>Senhor Presidente;<br>Excelências</p><p>Gostaria de terminar referindo-me aos desafios e progressos alcançados desde a adopção da "Carta de Argel, este importante documento que delineou a visão do Grupo e que nos continua a animar no sentido de defender os interesses dos países em desenvolvimento.</p><p>Quero também manifestar a esperança de que consigamos, ao nosso nível, permanecer activamente comprometidos com as aspirações que justificaram a criação deste Grupo, trabalhando dentro dos princípios de unidade, complementaridade, cooperação e solidariedade que nos definem como Grupo dos 77+China.</p><p>Estando reunidos em Havana, que nos acolheu com a habitual hospitalidade do povo cubano, temos a sublime oportunidade de, numa só voz, defendermos a necessidade do fim imediato do Embargo contra Cuba, por ser injusto, desumano, contrário aos princípios do comércio e cooperação internacional, do direito inalienável da autodeterminação e da livre escolha dos povos sobre o seu destino.</p><p>Viva Cuba!<br>Muito obrigado.</p>