A nova jóia de Angola foi descoberta em 2007, na bacia do Rio Luele, a 35 quilómetros da cidade de Saurimo, na província da Lunda Sul. Mas foi em Novembro de 2013 que a mais nova riqueza geológica foi desvendada.
Volvidos dez anos de árduo trabalho, o Presidente da República, João Lourenço, deu a conhecer ao mundo, esta segunda-feira, 27 de Novembro, a existência da jóia a céu aberto denominada Projecto Diamantífero do Luele, ao descerrar a placa sob o olhar atento da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, membros do Executivo e de outras entidades.
A nova mina desperta atenção pela sua extensão territorial de 105 hectares. A busca pela riqueza geológica foi detalhada ao pormenor na cerimónia de inauguração, que teve a duração de mais de 30 minutos e permitiu compreender a sua magnitude e potencialidades.
Na ocasião, o presidente do Conselho de Administração do Projecto Luele, Rômulo Mucase, informou aos presentes que as pesquisas geológicas foram feitas pela Sociedade Mineira de Catoca, com fito de fortalecer e aumentar a sua base de recursos minerais.
O Presidente João Lourenço foi, igualmente, informado que o processo no Luele teve início com a colecta meticulosa, análise de toda a informação e marcação do espaço a ser explorado.
Com 600 metros de profundidade, uma quantidade de 647 milhões de toneladas de minérios que resultarão em 628 milhões de quilates, a empresa de mineração destaca-se e entra na corrida para superar o quarto lugar que Angola ostenta no “ranking” dos maiores kimberlitos (rocha matriz do diamante) explorados a céu aberto.
O tiro de largada para o alcance deste desiderato foi dado pelo o Presidente da República, ao accionar o botão, que marcou o funcionamento da maior jóia mineira do país, com a perspectiva de criar, até 2026, três mil novos postos de trabalho directo.
O Titular do Poder Executivo constatou “in loco” o funcionamento dos diferentes departamentos da mina que assentam em três etapas de trabalho, designadamente o desmonte, o carregamento e o transporte da massa mineira.
Estas actividades têm como objectivo assegurar o acesso físico aos horizontes onde se localiza o minério, através do aprofundamento gradual da mina, em observância aos parâmetros geotécnicos que determinam a estabilidade dos taludes e garantem a segurança do pessoal e dos equipamentos.
Primeiro, ocorre a remoção directa das rochas estéreis sobrejacentes. Depois este material é encaminhado para escombreiras e de seguida efectua-se a extracção do minério para ser processado na central de tratamento ou para armazenamento.
Foi notória a presença de jovens angolanos que encontraram nesta mina a primeira oportunidade de trabalho. Entre eles, o topógrafo Anderson Alexandre, que se empenhou, dias sem conta, para a concretização deste projecto.
“Foram noites não dormidas, marcações, trabalhos e projectos que tinha que terminar. Muita correria, mas no final desta primeira fase, hoje, vejo que é um projecto que valeu o esforço”, disse orgulhoso.

Por sua vez, o engenheiro civil, José da Cruz, partilhou a sua experiência para o arranque do Luele e compreende ser um projecto para o futuro. Alegra-se serem angolanos o maior número de técnicos que, dia e noite, se dedicam ao trabalho na mina
“É um projecto para o futuro e a maioria que estão aqui a trabalhar são angolanos”, reforçou o engenheiro.
Para exploração da mina do Luele foram investidos em geologia 59,3 milhões de dólares, em mineração 415 milhões de dólares e na central de tratamento 161 milhões de dólares.
O angolano Arnaldo Calado é um dos rostos do sector diamantífero no país, por ter ficado à frente dos destinos da ENDIAMA por largos anos.
Hoje, embora esteja fora do sector, regozija-se ao ver o passo dado para a afirmação do país no contexto mundial ao tornar-se o terceiro maior produtor de diamante no mundo.
“Para isso, era preciso dar passos concretos”, disse Arnaldo Calado, que enxerga os benefícios do Luele para população local e das províncias vizinhas, a Lunda Norte, Moxico e Malanje, além de ser um “modelo dos futuros projectos mineiros” em termos de responsabilidade social e ambiental.

Neste Projecto do Luele, o reassentamento das populações ao redor vai envolver a construção de 36 casas do tipo T3 em alvenaria, construção de escolas primárias e posto médico, fornecimento de água potável e energia eléctrica, através de painéis solares, e preparação de um campo agrícola com 30 hectares para cultivo.
O tempo útil de vida do Luele é de 60 anos de exploração até 2083. No primeiro ano de actividade, a capacidade de tratamento deverá corresponder a um terço da capacidade instalada, equivalente a quatro milhões de toneladas de minério, prevendo-se evoluir para 12 milhões de toneladas, a partir do terceiro ano.
A Sociedade Mineira de Catoca é a maior accionista do projecto com 50,5 por cento, seguida pela ENDIAMA com 25 por cento, a FALCON com 19,5 por cento, a REFORM com quatro e o Instituto Geológico de Angola com um por cento.
Com o arranque do maior projecto diamantífero do país, Angola apresenta-se ao mundo com objectivo de fortalecer e aumentar a sua base de recursos minerais, sem mesmo a quarta maior mina de exploração de diamantes, CATOCA, entrar em fase de exaustão ou ter atingido o tempo útil de vida.