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Discurso |
12-06-2023 13:32:25
| Fonte: CIPRA
ANGOTIC 2023
Íntegra do discurso do Presidente da República
<p>DISCURSO DE ABERTURA DA ANGOTIC 2023, POR SUA EXCELÊNCIA JOÃO LOURENÇO, PRESIDENTE DA REPÚBLICA | Luanda, 12 de Junho de 2023.</p><p>-Senhor Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social</p><p>-Senhor Governador da Província de Luanda</p><p>-Minhas Senhoras, Meus Senhores;</p><p>-Caros Convidados.</p><p>Gostaria de manifestar a nossa enorme satisfação pelo facto de tão ilustres figuras do mundo das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação terem acedido ao nosso convite para prestigiarem, com a sua presença, o ANGOTIC – Angola ICT Fórum 2023. A todos e sobretudo para aqueles que se deslocaram de longe, vão as nossas calorosas saudações de boas-vindas e votos que se sintam em casa enquanto estiverem entre nós.</p><p>A ANGOTIC regressa ao cenário tecnológico nacional e internacional depois do interregno provocado pela pandemia da Covid 19 que paralisou o mundo, pelo que saudamos a todos quanto contribuíram para a sua realização.</p><p>Espero que todos os participantes, entre patrocinadores, empresas expositoras, estudantes e visitantes, possam tirar dele o maior proveito possível em benefício das vossas empresas e, consequentemente, em benefício da economia nacional.</p><p>Apesar dos recursos minerais, petróleo e gás continuarem a ser relevantes para sustentar o desenvolvimento da nossa economia, estamos a viver um novo paradigma com perspectivas de um crescimento da economia não petrolífera onde o sector privado é o principal actor.</p><p>A aposta na diversificação da economia e na produção nacional começa a dar os seus frutos.</p><p>O sector das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação é chamado a desempenhar o papel que lhe está reservado como alavanca para a modernização tecnológica da nossa indústria e, como consequência, propiciar o crescimento económico e social esperado e ambicionado por todos angolanos. </p><p>Gostaria de destacar a importância das redes de Banda Larga que, uma vez suportada numa rede robusta de comunicações electrónicas, torna-se numa ferramenta fundamental que garante aos cidadãos e à sociedade acesso aos serviços da chamada sociedade da informação, nomeadamente da telemedicina, do ensino à distância, da governação electrónica e outros serviços associados, contribuindo para a melhoria dos indicadores de saúde, da educação, da inclusão social, da segurança alimentar, da igualdade do género, bem como do combate à fome e à pobreza, garantindo desta forma o desenvolvimento sustentável do país.</p><p>Partilhamos a visão da União Internacional das Telecomunicações, da qual somos estado-membro, que no seu último relatório sobre os custos de acesso aos serviços das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e Comunicação de 2022, realça a necessidade dos custos e expansão da Internet deverem estar ao alcance do maior número possível de cidadãos do mundo, se possível de todos.</p><p>Por este motivo, regozijamo-nos pelos esforços que temos vindo a empreender neste domínio no país, estarem reconhecidos pela Comissão da Banda Larga, uma parceria entre a UIT e a UNESCO, que no seu último relatório coloca o nosso país entre os que estão próximos de atingir a meta estabelecida globalmente, rumo à inclusão digital.</p><p>Para tal, muito contribuíram os esforços empreendidos no domínio das infra-estruturas, conectividade e inclusão digital, um dos eixos de acção que o Executivo estabeleceu no Livro Branco das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação 2019-2020.</p><p>Minhas Senhoras, Meus Senhores</p><p>O sector das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação no país encontra-se em franco crescimento, a julgar pelos últimos projectos concluídos e outros em preparação técnica, de onde destacamos a construção e colocação em órbita do satélite de comunicações Angosat2, sendo este parte do Programa Espacial Nacional, as ligações terrestres e submarina em fibra óptica para Cabinda, os trabalhos em curso com vista ao início da construção de um satélite de observação da Terra, o projecto de expansão da Rede Nacional de Banda Larga em Fibra Óptica, o projecto de Televisão Digital Terrestre, a participação no consórcio do cabo submarino de fibra óptica internacional 2-África, acompanhado com o aumento dos programas de formação para os nossos quadros jovens.</p><p>Do ponto de vista do crescimento das redes e subscritores de telefonia móvel e internet e tendo como referência o período que vai de 2021 até ao 1º Trimestre do corrente ano, destaco:</p><p> - um crescimento de 55% do serviço de telefonia móvel;</p><p> - uma taxa de penetração de 71%, o que representa um crescimento de 49.5%;</p><p> - uma taxa de crescimento do acesso à internet de 20%.</p><p>Por outro lado e na sequência das acções que o sector vem desenvolvendo para apoio ao sector produtivo e social, quero destacar o recurso a imagens de satélite para apoio à agricultura, à produção petrolífera, ao ordenamento do território, ao sector mineiro, ao ambiente, ao controle migratório ao longo das nossas fronteiras, bem como no estudo de soluções que possam mitigar a problemática da seca que assola ciclicamente o sul do país, em particular as províncias do Cunene, do Namibe e da Huíla.</p><p>Nos restantes pilares do Livro Branco, nomeadamente a modernização tecnológica da administração pública, a regulação e inovação, temos a destacar que, fruto de uma forte parceria com o sector privado, conseguimos atingir uma evolução significativa no uso de serviços digitais, desde a indústria ao comércio, à banca, aos seguros, à energia, à saúde, passando estes sectores a ser liderados, cada vez mais, pelas empresas com um forte pendor na economia digital.</p><p>Por forma a garantir a segurança das nossas redes e, com isto, garantirmos um serviço de telecomunicações e tecnologias de informação seguro e robusto em defesa dos nossos utilizadores e serviços, demos início a um programa que culminará com a instalação no país de uma Academia de Cibersegurança, bem como na criação de condições regulamentares no uso das redes de telecomunicações.</p><p>Em parceria com as demais partes interessadas, redobramos esforços no domínio da garantia da confiança e segurança no uso das redes de serviços com foco na protecção e defesa das infra-estruturas críticas e dos serviços vitais de informação, como também potenciar uma utilização livre, segura e eficiente do ciberespaço por parte das entidades públicas e privadas.</p><p>No domínio da inovação, destaco o surgimento de start-ups digitais bastante dinâmicas e de sucesso, o que vem provar a pujança do ecossistema de empreendedorismo jovem angolano, o qual já mereceu diversas premiações internacionais pelo grau de inovação e impacto alcançados na economia e, igualmente, mostrar o quanto a nossa juventude está empenhada e comprometida em contribuir com o seu saber, inteligência e dedicação para o desenvolvimento do nosso país.</p><p>Nesta era do digital, as tecnologias de comunicação e informação evoluíram bastante e puseram à disposição dos utentes ferramentas potentes como os tablets e telemóveis inteligentes sobre as quais assentam as chamadas plataformas digitais.</p><p>Todos estes meios e recursos tecnológicos, ao fazerem de um telemóvel, de um simples telemóvel, um verdadeiro escritório volante comunicável com o mundo ao clicar de uma tecla, fazem deles uma importante ferramenta de trabalho, de pesquisa, de investigação, de comunicação entre as pessoas, empresas e instituições, de intercâmbio cultural e científico.</p><p>Mas como não há bela sem senão, também podem ser usados para fins maléficos e até criminosos, para denegrir o bom nome e a honra de pessoas, organizações e instituições, para servir o crime organizado, para organizar rebeliões, motins e golpes de Estado.</p><p>O problema não está nas plataformas digitais, nas tecnologias, softwares e aplicativos, está no bom ou mau uso dado pelos utilizadores, que devem ser educados desde tenra idade que uma ferramenta feita para produzir riqueza e saber, construir a paz e a concórdia, lamentavelmente essa mesma ferramenta pode também ser usada para destruir, para dividir, para semear a discórdia, criar o caos, dependendo apenas da nossa atitude enquanto utilizadores activos ou passivos.</p><p>Os nossos jovens são o que temos de mais querido, de mais valioso para o presente e futuro do nosso país. Vamos trabalhar permanentemente na educação moral e cívica deles, para a necessidade da defesa dos mais nobres valores da nossa cultura e civilização cristã, para a necessidade do respeito da família, do próximo, da criança e do velho, dos símbolos nacionais e da Pátria.</p><p>A internet, as plataformas digitais, as redes sociais, devem ser utilizadas sobretudo para nossa superação académica, cultural e profissional, ou para iniciar e promover os nossos negócios. Apelamos por isso os nossos jovens a não desperdiçarem o seu tempo precioso com coisas negativas, com a propagação do boato, da mentira intencionalmente forjada, da intolerância política e do ódio.</p><p>Que os partidos políticos se abstenham de radicalizar os jovens usando-os como armas de arremesso contra seus adversários políticos e, muito menos, contra a pátria. </p><p>Minhas Senhoras, Meus Senhores</p><p>Declaro aberto este magno evento, augurando que o mesmo consiga alcançar o propósito de se constituir numa plataforma regional e global para a troca de experiências, reforço e construção de novas redes de contacto e negócios, que sejam capazes de potenciar as vantagens inerentes à existência da Zona de Livre Comércio Africana, capazes de contribuir decisivamente para tornar a nossa vida pessoal e profissional melhor, e sociedades mais organizadas e desenvolvidas.</p><p>Muito obrigado</p>